terça-feira, novembro 17, 2009

A VONTADE E A VERDADE

“E tuas lembranças me trazem lágrimas,
assim como as lágrimas me trazem tuas lembranças.”
(Esyath Barret)

Meus amigos blogueiros, todos os comentários estão sendo respondidos. Agradeço a visita de todos e peço perdão pelo post anterior que foi exageradamente grande! - risos - Faz parte de minha tendência eterna de falar demais... Essa semana trago versos inéditos de gosto duvidoso, cá entre nós, para aquecer alguns corações durões... Corações como o meu, por exemplo... Mais uma história (des)conexa romântica, só que com um ar nostálgico de tristeza e ao mesmo tempo de força... afinal é preciso ser forte para assumir realmente aquilo que se sente...

Quis te dar palavras de consolo,
e emiti apenas um sussurro de silêncio.
Mesmo com vontade de te tocar,
senti-me presa no meu velho lugar.
Deus, como quis te abraçar,
quando percebi teu desamparo.
Mas tudo que fiz,
foi observar o espaço
que havia entre nós.
E me senti a maior das canalhas,
por te negar
o conforto seguro dos meus braços,
no seio de teu desespero.
Mas não foi maldade,
e sim, culpa de nossa realidade.
Pois de que adiantava
cair na tentação
de tentar apagar tua dor
te consolando com meu amor,
se estávamos fadados
a mais uma amarga separação?
Pelo menos de uma coisa
eu tinha certeza:
Ainda que as estações morressem,
o tempo finalmente inexistisse,
o ser humano se imortalizasse
e tua dor chegasse ao fim,
fazendo de mim
um antigo retrato,
meu coração seria teu.
Teu, e apenas teu,
por toda a eternidade.

Esyath Barret

quinta-feira, novembro 05, 2009

AFINAL QUEM É ESSA MENINA CHAMADA MENTE?

"Pensamos que sabemos quem somos.
Mas no fundo, há um reflexo interior,
que apenas nossa alma consegue enxergar.
E então, quem é herói torna-se vilão.
Quem é mal, torna-se bom.
Mas a alma... conhece a verdade
que nossos pobres olhos não podem ver."
(Esyath Barret)
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Meus queridos amigos, novamente estive afastada... desta vez... por pura falta de inspiração. E já que as boas idéias me fugiram, pensei em retomar a antiga história das entrevistas... afinal sabemos que no fundo, bem no fundo, não nos conhecemos de verdade... mas se formos francos... o que poderia acontecer? Talvez... apenas por um momento... pudéssemos conhecer estes estranhos que somos nós e que insistimos em ignorarmos...
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A senhora se considera uma mulher forte?

Resposta:
Sinceramente não. Meu temperamento é forte, mas sou uma pessoa frágil, dependente emocionalmente da previsibilidade e acima de tudo, extremamente insegura.

Que virtudes a senhora julga ter?

Resposta:
Querida, infelizmente não sou virtuosa. A virtude é uma característica inerente aos homens santos. Diga-me, quem você considera santo hoje em dia? O papa que apóia a Opus Dei, chegando a tê-la liderado, mesmo sabendo que ao contrário do ela prega, persegue pessoas usando métodos pouco gentis? Xuxa que já protagonizou filmes pornográficos? Roberto Carlos que andou sendo processado por plágio? Os bispos da Record?

Então a senhora não acredita na bondade?

Resposta:
Meu bem, eu acredito que algumas pessoas demonstram bondade em casos específicos, como a mãe que carrega no ventre um ser indefeso, arriscando a própria vida para trazê-lo ao mundo, ou o padre que tenta através de pregações, incitar as pessoas a não perderem a fé, ou ainda, o casal de heterossexuais que adota um órfão.

Isso não seria a virtude?

Resposta:
Meu bem, a virtude é uma qualidade eterna. Quem age virtuosamente por instantes, não é virtuoso. É um ser humano, tão comum quanto qualquer outro.

O que a senhora quer dizer com isso?

Resposta:
Que ser humano, é ser bom e ser mau. É ser gentil e em seguida egoísta. É ter qualidades e defeitos. Já a virtude, é algo divino, que pertence aos santos.

Então, a senhora acredita que os santos existem?

Resposta:
Claro. Pense em Maria. Sem entrar no mérito da religião, mas que pessoa em sã consciência acompanharia o calvário do próprio filho sem dar fim a própria vida? Isso sim é ser virtuoso. E depois de tudo isso, não demonstrou ódio pela humanidade. Ou por acaso você ouviu falar em algum atentado terrorista que ela tenha causado? Não, aquela mulher realmente era uma pessoa virtuosa.

Entendo. Então... diga-me uma coisa. Que qualidades a senhora julga ter?

Resposta:
Minha querida, esta é uma pergunta cruel. O que as pessoas julgam na minha pessoa ser uma qualidade, são coisas que na verdade são meus piores defeitos. E o que é considerado defeito... é algo que aprecio, pois sei que faz parte de mim e me torna quem sou.

Como assim?

Resposta:
Não odiar é algo que me faz mal. O ódio é sadio, te ajuda a não permitir que as pessoas novamente te façam sofrer. É sempre um bom motivador. E isso é algo que não tenho. Julgo isso uma péssima qualidade. Somando isso, a minha tendência de ser piedosa, de me compadecer com as pessoas, acabo por tornar-me uma presa fácil para que me façam de gato e sapato. E ser emotiva, é algo pior ainda. Se fosse uma pessoa prática como um robô, meramente racional, não me deixaria abalar pelo sofrimento alheio, permitindo que as pessoas me manipulem.

Isso quer dizer que a senhora acha que não ser capaz de odiar, ser piedoso e amoroso defeitos?

Resposta:
Exatamente! Claro que não creio que as pessoas devam odiar, agir impiedosamente e sem sentimentos sempre! Mas ser capaz de equilibrar isso com bons sentimentos te torna uma pessoa com maior capacidade de raciocinar, de ser objetivo, independente emocionalmente e controlado.

Entendo. E por fim, que qualidades a senhora supõe então ter?

Resposta:
Ah, meu bem, o sarcasmo, a ironia e a temperamentalidade são verdadeiros predicados para mim. O sarcasmo e a ironia me ajudam a lembrar que não preciso sofrer com o egoísmo alheio ou com a maldade das pessoas para comigo. Pelo contrário, de algum modo, incita o egoísmo em mim, o que me permite ser humana. E neste momento, quando me dou ao luxo de ser egoísta, faço questão de ser sarcástica e irônica para devassar diante das pessoas e de meus próprios olhos, o quanto, esta ou aquela conduta é nefasta. Por outro lado, sei que muitas vezes, ajo exatamente como aquela pessoa que antes critiquei, e isso é algo que me torna humana. Permite-me ver que estou sempre errando e aprendendo com isso. Torna-me mais sábia. Já a paixão... é algo que reside em todo meu ar temperamental. Mostra-me que me importo. Seja com o que for... eu me importo. No dia em que for indiferente... aí sim, saberei que a vida simplesmente não terá mais graça ou sentido para mim.

E que motivo a levou a dizer que não é uma mulher forte? Suas ponderações... demonstram o inverso.

Resposta:
Ah, meu bem... ter algumas certezas sobre o que julgo ser bom ou mal para mim, não me torna uma pessoa sábia ou forte. Apenas uma pessoa com um pouco mais de discernimento. Mas alguns traços meus... mesmo que condene, simplesmente não consigo mudar... Provavelmente sempre terei um forte afeto pelas pessoas. Provavelmente sempre sofrerei com seus descasos, ingratidão e com a eterna necessidade de ver aprovação em seus olhos. Provavelmente sempre terei medo de terminar só, algo que suponho ter me levado sempre a ser prestativa e a me importar tanto com as pessoas...

Percebo uma certa tristeza nessa declaração...

Resposta:
Meu bem há tristeza, porque hoje isso não me traz felicidade. Não me motiva a levantar de manhã e caminhar para o trabalho, ou a estudar, ou a gostar de gostar das pessoas. Ser capaz... de sentir... amor... só tem me levado a autodestruição.

Por quê?

Resposta:
Talvez... porque ainda não tenha encontrado o amor verdadeiro e recíproco. Este sim, aquele capaz de te fazer enxergar tudo de modo diferente e otimista... Capaz de fazer o ser humano não perder a esperança de ser mais humano. Quando você ama e é amado, é feliz, e conseqüentemente quer que todos sejam, então, de algum modo, passa a lutar por um mundo melhor...

Então, a senhora crê que o amor justificaria tudo? Toda a existência?

Resposta:
Eu acredito que nos torna seres melhores. Apenas isso. Mas esta já é uma outra longa história...
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Continua...