domingo, abril 08, 2007

Continuação de um Amor (Des)conexo...


"Beijar e odiar são tentações! Ambos são pecados!"
"Por quê desejas odiar, aquele a quem queres beijar?"
(Esyath Barret)

Bem, essa a continuação das Cenas (Des)conexas que vão compor a História da Jovem Lady Alda Cristine Gisely Fernandes Barret. Essa história está sendo escrita aos poucos e diferentemente das histórias que costumamos ler e ouvir, ainda não tem um enredo formado... Os personagens vão se apresentando aos poucos, bem como a justificativa para a própria situação de ódio e despeito em que ela e seu marido, Yldian Morryson Lane, o Duque de Montford se encontram. A história deles simplesmente vai se definindo aos poucos, a medida que a autora vai escrevendo cenas e mais cenas, formando uma grande História (Des)conexa!
Ele é inglês, ela uma escocesa por criação e portuguesa por nascimento. Em todos os casos, foi uma menina criada, educada e amada a moda escocesa pelo Clã Mctrue. Logo, houveram grandes confusões em torno de seu matrimônio. Mas ambos pareciam apaixonados e foram capazes de enfrentar a todos, fugindo para Gretna Green, território livre escocês, onde puderam se casar sem precisar da autorização de ninguém, sob a benção de um padre. Mas agora, parece que ambos começam a pagar o preço de suas escolhas...
Uma donzela que confiou e amou, um homem que amou e mentiu, uma mulher audaciosa e corajosa, um homem envolvente e dúbio... Ambos capazes de tudo para defender suas causas, mas pessoas com um terrível defeito: o orgulho
Escoceses enfurecidos, que logo baterão a porta deste casal para tomar as dores de uma mulher apaixonada, magoada, traída e capaz de muitas coisas...

Hapyness Mont House, Cumbria, Inglaterra - 1680

“-Acalme-se querida! Eu não pretendo facilitar-lhe o trabalho! – Respondeu o homem, chocado com o ódio e a audácia dela, embora já suspeitasse de seus pensamentos homicidas.
-O que você ainda quer de mim, infame? – Indagou Alda enfurecida.
-Hum, percebo que sua criatividade está voltando, doçura! – Falou sarcasticamente Yldian Morryson Lane, o Duque de Montford.
-Eu não tenho motivos para aturar insultos! – E caminhou até a porta, decidida a respirar um ar mais puro, que não estivesse impregnado com o cheiro da traição.
-Mas o ofendido até o presente momento fui eu! – Retrucou ele seriamente, enquanto a seguia.
Antes de alcançar a porta, ela estacou e virou-se encarando-o. Mas sua impensada atitude, a colocou em uma situação desconfortável. Ela ficou encurralada, pois estava com os movimentos impedidos, uma vez que suas costas estavam presas na porta e Yldian bloqueava-lhe a visão com seu corpo montanhoso, impossibilitando uma rota de fuga.
Por um instante recordou-se de como havia sido fácil sentir-se segura naqueles braços musculosos que estavam encostados na porta, prendendo-a e intimidando-a. Quando sentiu-lhe a respiração quente e próxima de seu rosto, lembrou-se de como era fácil se entregar a seus beijos e em como acreditara que neles haviam amor e respeito.
Se pudesse esquecer tudo! Toda a mágoa e entregar-se as suas carícias, como se nada tivesse acontecido! Mas ela preferia rastejar diante de Ian McMillan e de Brendon McTrue, implorar por comiseração e confessar que ambos estiveram certos desde o princípio quanto ao caráter de seu agora odiado marido, do que novamente fazer papel de idiota, amando um miserável que nunca a amara verdadeiramente.
Como que lendo-lhe os pensamentos, ele acariciou seu rosto e disse:
-Não é verdade! Eu sempre a quis! Eu a amo!
Ela rapidamente virou o rosto, pois não poderia acreditar novamente naquela língua venenosa e naqueles olhos traiçoeiramente egoístas!
-Eu não acredito! E eu o odeio, Milorde! – Respondeu Alda, em um tom calmo que o feriu como uma espada cravada no peito. – E eu não o insultei, apenas proferi verdades que definem com precisão seu caráter! O senhor é um Miserável! Indigno do título que ostenta, da fortuna que possui e da própria existência. Eu sou a insultada, porque não é algo cortês e confortável aturar sua presença! – Emendou ela rapidamente, não lhe dando oportunidade de falar.
O empurrou com força e saiu do quarto correndo, sem olhar o que deixara para trás. Entretanto, não chegou muito longe, pois percebeu que a porta do vestíbulo de seus aposentos estava trancada.
-O que é isso? Agora sou sua prisioneira? – Gritou muito mais do que perguntou.
-É para sua própria segurança, querida! – Respondeu ele calmamente.
-A minha ou a sua? O que teme que eu faça, canalha? – Perguntou possuída pela cólera. - Pois eu lhe dou um conselho de inimiga: cuide de sua integridade física, pois já que não tenho sequer liberdade de movimento, você não terá liberdade para esbanjar o que o tornou famoso em toda a sua preciosa Inglaterra: sua beleza libertina! No que depender de mim, sofrerá incontáveis e desastrosas lesões! – Gritou novamente, ao passo que pegou um jarro chinês que estava no aparador mais próximo e que posteriormente lamentaria por ter estragado, e arremessou nele, errando por pouco o alvo.
Puxou uma adaga que estava presa no punho do vestido rosa-claro e atirou-a sobre sua cabeça, não acertando o crânio por milímetros, ficando cravada na parede do quarto.
Ele percebeu que ela estava atormentada demais para raciocinar com coerência e que suas ameaças não eram vãs. Então, correu para a direita e retirou-se pelo quarto da dama de companhia que ficava anexo, não esquecendo de trancar bem pelo lado de fora.
Quando chegou ao corredor, não imaginava que havia deixado para trás uma mulher agora caída ao chão com uma dor lacerante na cabeça e muitas lágrimas acumuladas.
-Ela está melhor? – Indagou Arthur, o Visconde de Petsburry, seu amigo de longa data.
-Continua endemoniada! Eu pensei que já pudéssemos conversar civilizadamente, mas ela não suporta sequer me olhar! – Respondeu Yldian, exasperado pela contastação.
-Mas já se passaram duas semanas! Você não pode trancafiá-la eternamente!
-O pior é que eu sei! Eu sei... – Confessou ele suspirando.”
Continua...