sexta-feira, setembro 07, 2007

COMPREENSÃO...

"Quando não compreendo teus gestos,
e não recebo palavras claras,
um beijo de compreensão,
pode trazer toda a segurança de que preciso".
(Esyath Barret)

Primeiramente quero me desculpar por meu lastimável recente afastamento desta página, mas é que tem sido difícil conciliar a minha atividade amada de escritora-amadora-blogueira, com a de acadêmica-de-direito-estagiária-filha-em-tempo-integral-e-faz-tudo... – risos – mas todos os meus colegas blogueiros, bem como esta página, estão sempre na minha mente, e pretendo não abandonar novamente minha maior paixão: escrever.
Avisos:
1. ALF, eu vi a indicação na sua página, portanto, agradeço e prometo que meu próximo post será sobre o tema, pois ele simplesmente expressa bastante quem eu sou, acredito, que quando escrevo me torno mais completa e humana.
2. VINY, eu finalmente posso matar um pouco da saudade que me palpita a alma com o seu regresso a blogosfera. Adorei a homenagem que me dedicou no seu post e agradeço por ele desde já. Não considero aquelas as minhas melhores frases, mas esse julgamento cabe apenas a você! – risos.
3. AMANDA
, eu prometo que no post dedicado a indicação do ALF, eu responderei também a sua indicação. Obrigada, viu? Adorei suas respostas naquele post.
4. Todos os meus amigos blogueiros, leitores assíduos, agradeço o apoio, as visitas, a compreensão e a paciência em me lerem! – risos – Espero sempre acrescentar de algum modo a vida de vocês, com meus escritos. E assim que eu responder aos comentários do post abaixo que muito me interessaram, aviso!

Hoje publico a terceira parte da história de Lumã, a sua própria visão dos fatos. Nesta fase, ele já está instalado no apartamento de sua tia, e aqui, começa a narrar o que vem vivendo e sentindo... Para quem não se recorda, a primeiro parte da história foi publicada em maio de 2007 e encontra-se nos arquivos na borda direita deste blog, inclusive é o primeiro post que aparece na página de maio. A segunda parte, está no post abaixo deste...
Uma história (des)conexa sobre como o amor pode transformar um ser humano, as vezes melhorando quem somos, outras vezes piorando, mas acima de tudo, nos tornando mais maduros e humanos...
O AMOR E O CETICISMO.
Por Esyath Barret
Minas Gerais, Belo Horizonte, 01 de junho de 1999

“Dizem que eu sou uma verdadeira exceção, seja lá o que isso signifique, o que eu sou na verdade é um órfão. Isso a minha tia me explicou exatamente o que significa: um desamparado que perdeu os pais. Ela também me chamou de indigente, mas isso eu sei muito bem que não sou, pois estou cheio de vida, tenho parentes vivos, ou pelo menos uma parenta, a minha tia, então, sou uma pessoa rica, acho que por isso, vou mostrar o dicionário a titia, para mostrar a ela que está enganada!
Ela é muito diferente dos meus pais, diz que eu sou um presente de grego, embora eu não compreenda essa expressão, e que meu pai cinicamente me deixou aos seus cuidados, para ironizar mesmo depois de morto, com ela. A minha tia não sorri, está sempre reclamando, principalmente depois que Dona Antonieta disse que eu era sua responsabilidade e não dela, pois ela era paga apenas para cuidar da casa e não de uma criança.
Mas apesar da minha tia ser uma reclamona, eu a acho linda! Até mesmo, mais do que mamãe. Quando estamos de mãos dadas, eu me sinto tranqüilo, a mesma sensação de calma que eu sentia quando mamãe cantava canções para que eu dormisse. Mas eu só posso segurar a mão dela, quando ela está dormindo e não vê, porque do contrário ela diz que eu sou muito pegajoso.
Isso eu também sei o que é, porque um dia eu deixei pegar um chiclete no cabelo de papai, e ele depois de correr atrás de mim por quase uma hora ameaçando cortar minha mão, por minha safadeza, disse a mamãe que a única solução seria cortar o cabelo dele, porque o chiclete era muito grudento e pegajoso.
O único problema da minha tia é que ela nunca sabe o que me dar de comer, tem mania de querer me obrigar a comer macarrão instantâneo com guaraná antártica, mas ela sabe jogar videogame muito bem! Eu pedi a ela que jogasse comigo e ela concordou, desde que eu parasse de cantar “Ilarilariê” toda vez que acordo!
Ela me disse que para convivermos bem temos que negociar, ou seja, eu faço o que ela me pede e ela me dá algo em troca! Dona Antonieta diz que isso é errado, que ela não está me educando e sim me subornando, mas ela não se importa, porque diz que não é minha mãe, então isso não se torna um problema!
Desde que eu vim morar aqui já aprendi muitas palavras novas, porque a minha Tia Marcela é uma mulher muito culta, embora Dona Tieta diga que ela é apenas uma mocinha esnobe! Eu a chamo assim, porque é mais fácil de lembrar, já que eu venho aprendendo tantas coisas, não quero esquecer o nome dela... Seria deseducado, como dizia mamãe. Agora, o que será que significa esnobe? Eu ainda preciso ver no dicionário!
O problema é que eu não tenho tido muito tempo de usá-lo, porque estou sempre correndo atrás de Mike Tysson, meu ratinho que eu trouxe escondido da fazenda. Titia não pode saber, porque ela tem pavor a ratos, e se ela ficar nervosa, eu não terei mais quem jogue comigo futebol no meu Supernitendo. O pior é que ele fica nervoso, porque nós estamos morando em um apartamento, e aqui é muito pequeno, o pior é que titia sempre fala que eu tomo muito espaço! Mas não tem como eu tomar o que não tem aqui!
Por isso, eu sinto muita falta da minha casa! E mais ainda dos meus pais! Mas eu não posso chorar, porque papai e mamãe ficariam muito tristes! Pelo menos era o que mamãe costumava me dizer, ou seja, que quando alguém viaja para o Paraíso, não tem paz se as pessoas que ela deixa para trás ficam chorando por ela partir, e além disso, eu quero que meus pais cheguem em paz na morada de Deus!
Mas as vezes isso é muito difícil! E isso acontece principalmente a noite, então nestes momentos eu fico feliz por poder segurar a mão de Tia Marcela! Sei que em breve terei que ir para o internato, mas pelo menos titia diz que lá eu terei mais espaço que aqui... E talvez eu deixe Mike Tysson com ela para que não se sinta sempre tão só...”
Continua...