segunda-feira, maio 07, 2007

Mudar requer tempo. Mas uma hora acontece!

"O recomeço existe quando você liberta
as páginas, os medos, os segredos
e os erros."
(Esyath Barret)
LIBERDADE
DESTINATÁRIO: Ainda Desconhecido
REMETENTE: A Jovem que Busca o Futuro
ASSUNTO: Mudanças

Bem, o que posso contar? Desde que vim parar na casa de Jill, forçadamente é óbvio, ele me adaptou a uma nova rotina! Estou tendo que me alimentar melhor, tendo aulas de inglês, de dança, de música, estou estudando as leis e a administração da minha herança. Eu pensei que ele fosse me encarcerar ou me submeter a humilhações, mas nestes dias, aprendi que muitas vezes as tais humilhações, somos nós mesmos quem criamos.
Porque eu não o vi desde que ele me largou no meu quarto e disse quais seriam minhas novas obrigações. Estou com vários tutores e professores e apesar da constante companhia, ninguém parece me vigiar. Se estivesse na casa de maman, certamente, se desejasse fazer algo de que ela discordasse, como estudar língua estrangeira, teria de ser escondido.
Mas a razão de eu não me sentir mais tão humilhada, foi porque nestes dias passei a concluir que tantas vezes me senti rebaixada perante alguém que tinha mais notoriedade que eu em certa atividade, e isso era apenas um complexo da minha cabeça, uma vez que todos somos capazes de nos superar. Sabe, é uma questão de acreditar e de se esforçar. Claro que não é fácil. Mas se queremos algo, precisamos fazer renúncias, não é? Estou cansada de tantas atividades, mas se quero mostrar que sou capaz, que não sou covarde, acomodada e muito menos, me sentir humilhada, preciso provar a mim mesma que posso conseguir passar por todas estas provas, me tornando mais forte e preparada para a etapa seguinte. Então, digamos que terei alguns meses intensos pela frente, afinal, estamos apenas em maio, e ele me disse que só poderei ser livre em dezembro, quando me considerar apta para voltar ao meu lar.
Eu sei que posso conseguir o que quiser! É que estava imersa na auto-piedade e em um dos sete pecados capitais. A preguiça! Só isso justificava não fazer nada de realmente útil. Claro que eu me acostumei a fazer serviços de empregados, e não tinha uma vida inútil como a de meus mimados irmãos. Veja bem, não estou desmerecendo nenhum serviço, pois todo trabalho é digno. Mas a questão é que não é justo deixar de fazer o que eu preciso para crescer e ser independente, enquanto meus irmãos cuidam apenas de si. A culpa foi minha que resolvi ajudar a maman, de livre e espontânea vontade. Mas a verdade é que eu aprendi que posso continuar fazendo essas coisas, mas desta vez sem descuidar de mim, pois o que deve ser prioridade? Eu!
Mas o difícil é que é mais fácil falar do que fazer! Acho que ainda estou imersa na preguiça! Mas sei que preciso mudar e talvez, abrindo mão da acomodação, possa sofrer, mas pelo menos me tornarei mais digna. Poderei traçar o meu próprio futuro. Claro que existem coisas que as vezes parecem estarem predestinadas a você, mas você também pode fazer sua parte para melhorar as coisas! É isso que estou tentando me obrigar a fazer.
Ainda não é fácil. Ainda não gosto de estudar leis, ainda não me acostumei com as novas aulas de língua estrangeira, e nem me acostumei a ter que cumprir tarefas que já cumpria antes! É que a Sra. Gorrette me disse que isso foi determinado para que eu aprendesse a conciliar ambas as coisas, uma vez que em breve terei que retornar ao meu lar. E também porque, nenhum trabalho é indigno. Ademais, eu devo aprender a me esforçar, pois, o que é fácil demais, perde-se fácil demais. Ela tem razão, mas tem horas em que me sinto como uma velha rabugenta. Veja, amigo, são apenas dez e meia da manhã e já me sinto cansada como se houvesse trabalhado o dia inteiro! Acredita nisso? Não!? Nem eu! Mas me esforçarei para melhorar, pois acho que se fizer isso por pelo um mês inteiro, logo isso não será tão causticante.
Hoje meu dia será diferente. Terei uma massagem com um Mestre Japonês, na minha coluna, para deixar de sentir dores, por volta de meio-dia. Depois vou almoçar, e durante a tarde cumprirei as costumeiras obrigações administrativas da propriedade. Quando o fim do dia chegar, terei de dar uma longa caminhada na propriedade e terei aulas de montaria feminina! O Sr. Giulliano – ele é um italiano engraçado e mandão – disse que não posso ser estabanada! Que preciso aprender a andar e cavalgar como uma moça de verdade! E que isso me ajudará a ser mais saudável, melhorará minha postura e essas bobagens. Então, quase de dez horas da noite começarei a estudar as lições ensinadas sobre Direito, que tive pela manhã. Irei dormir por volta de meia-noite, para recomeçar tudo amanhã. Mas a Sra. Gorrette me falou que sou jovem e que tenho saúde e flexibilidade para enfrentar essas atividades todas! Não sei porque eles acham que sou invencível, mas creio que todos aqui só querem testar meus limites, para averiguarem se sou digna de construir meu futuro.
Pensando nos esforço que estou fazendo, que terei de fazer e em tudo, creio que finalmente encontrei o que tanto desejava: um meio de transformar quem sou e a minha vida.
Tentando Recomeçar. Conscientemente.
Esyath Barret