quinta-feira, janeiro 17, 2008

O AMOR!? QUEM É ESSE!?

“E o destino traçando sua própria teia,
faz surgir o homem,
e então faz nascer o amor.”
(Esyath Barret)
Amigos queridos, eu sei que estou em falta com todos, por minha ausência estendida, dessa página e das costumeiras visitas, ainda assim, agradeço a presença dos que persistiram em não me abandonar, dos novos visitantes e afins. – risos – Os comentários estão sempre sendo respondidos. Ganhei mais Memmes, e pretendo falar deles em breve, mas por enquanto, me limito a finalmente cumprir minha promessa e postar o próximo capítulo da história (des)conexa de Lumã.
Para quem não se recorda, ele é o jovem protagonista do conto que venho escrevendo, e que vem sendo postado aqui aos poucos. Os capítulos iniciais podem ser lidos nos links a seguir, e por favor sigam a ordem indicada:
1º Capítulo
http://historiasdesconexas.blogspot.com/2007_05_01_archive.html
É O PRIMEIRO TEXTO QUE APARECE
2º Capítulo

http://historiasdesconexas.blogspot.com/2007_08_01_archive.html
É O SEGUNDO TEXTO QUE APARECE
3º Capítulo

http://historiasdesconexas.blogspot.com/2007_09_01_archive.html
É O PRIMEIRO TEXTO QUE APARECE
Só para relembrar, Lumã é um pequeno órfão, que perdeu os pais em uma morte trágica, logo, como a única parenta próxima viva é sua tia Marcela, ela se tornou sua responsável legal, todavia, é uma jovem inteligente e com uma carreira promissora, mas muito egoísta e superficial. Ambos necessitarão se entender e se aceitarem, para conseguirem encontrar algum futuro. Esse conto vem sendo escrito, mostrando a visão de cada um. Uma hora Lumã conta uma parte, em dado momento, quem toma a palavra é a tia. O começo de ambos não foi nada inspirador, e a jovem Marcela se ressente de ter que cuidar do sobrinho... mas ambos... ainda não descobriram a verdadeira razão de sua relação...

Minas Gerais, Belo Horizonte, 05 de agosto de 1999.

Toda história tem um moral. Mas qual é a moral do término do meu conto-de-fadas!? Sim, minha vida era um conto-de-fadas... Como era bom... Passar meus horários vagos me preocupando com a Prada que eu comprava nas férias passadas em Nova Iorque, meus sapatos Manolos, minhas calças Colcci escolhidas a dedo no Rio, meus cabelos sendo escovados, nas festas de fim-de-semana, cheias de homens lindos e sarados, para eu escolher a dedo, minhas viagens ao exterior... E agora!? Agora, tenho que abrir mão de tudo isso, da minha felicidade, para dividir o que é meu com outra pessoa! Eu jamais escolhi casar, porque não queria ter que dar satisfações a ninguém, a não ser ao meu cartão de crédito, mas agora, entrei em uma relação possessiva, dessas que nos impedem escaparmos...
Desde que Lumã entrou na minha vida, quando veio a este mundo, eu percebi que teria que acabar dividindo espaço com ele, só não sabia, que seria todo o meu espaço... Ou seja, meu apartamento, meu carro, meu escritório… Desde que meu sobrinho se tornou órfão, me tornei responsável por seu bem-estar, e se fosse apenas isso, eu não estaria traumatizada, mas o pequeno intrometido, não pode ir morar no internato agora, por determinação judicial, deve permanecer comigo, e, além disso, resolveu invadir meus pensamentos. Fica me fazendo ficar preocupada com seus sentimentos, com sua saúde, com sua educação, com seus traumas. Eu normalmente não ligaria para isso sabe, porque já tenho minha própria vida, mas é que ele fica me olhando seriamente com aquele olhar castanhamente enigmático e triste. E eu me sinto... culpada... O pior é que o mais terrível aconteceu... Acostumei-me a tê-lo por perto, e agora, não tenho mais liberdade sequer para ir para cama com quem escolho! Porque todas as noites, ele sai da cama dele e vai para debaixo dos meus lençóis, e fica lá, segurando minha mão! Está sendo uma temporada difícil, porque nem todo mundo tem aptidão para a maternidade, pelo menos, eu sou uma dessas pessoas... sem a proclamada vocação maternal! Na maioria das vezes eu o suborno, mas aquele bandoleiro aprendeu a negociar rápido demais, e agora, consegue quase tudo o que quer de mim! O pior é que fica me fazendo perguntas difíceis... Como se eu sou capaz de amar alguém, ou a razão de jamais ter sentido vontade de me casar e de ter um bando de pequenos metidos como ele me cercando!
Para piorar, Tieta não me ajuda! Disse que ele é apenas minha responsabilidade, e eu não pude escondê-lo por muito tempo. Nem das pessoas, nem de mim mesma. A primeira vez é a pior de todas... é aquela que nunca esquecemos... O primeiro beijo, o primeiro salário, o primeiro carro, o primeiro apartamento, a primeira viagem... o primeiro amante... e o primeiro sobrinho...

“- Marcela, querida, você por aqui!? – Quando escutei isso, levantei minha cabeça, deixando de procurar as batatas rufles que Lumã queria, e temendo que alguém o visse, procurei-o com o olhar. Encontrei-o, lutando com sua dúvida, se comprava biscoito de chocolate ou de doce-de-leite. Identifiquei o som, como sendo a voz estridente e impertinente de Laura, uma socialite tipicamente loura, que era igualmente fofoqueira. A cumprimentei e saí arrastando meu sobrinho, antes que ela entrasse no corredor em que estávamos e visse Lumã. Mas o destino ultimamente resolveu mesmo zombar de mim, e acabei esbarrando em Victor, quando tentava andar e acalmar meu sobrinho ao mesmo tempo, pois ele queria comprar o biscoito de qualquer modo! Fiquei me perguntando, se todo mundo havia resolvido ir ao supermercado justamente em uma terça-feira as dez da manhã! Só faltava dar de cara com meu sócio! Mas as coisas sempre podem piorar...
- Se comporte garoto! Não tenho tempo pra chiliques!
- Marcela, há quanto tempo! – Ele disse, enquanto segurava meu braço, antes que eu caísse no chão!
- Oi Victor! Como vai!? Há quanto tempo! – Eu o cumprimentei, surpresa por me deparar com ele, mas sem o menor interesse em manter conversa. Pena ele não ter compreendido.
- Eu vou bem! Estou de férias, você sabe! – Antes que eu pudesse responder, ele levou um chute na canela, e olhou para baixo!
- Ai! Oi... rapaz!
- Me chamo Lumã Nitch Braga!
- Muito prazer!
- O prazer é meu! E o que o senhor quer com a minha mãe!? – Pronto! Esse momento seria lembrado por mim para sempre, como o marco da minha decadência! Victor arqueou uma sobrancelha como sempre fazia, quando estava surpreso com algo, e disse:
- Apenas cumprimentá-la! – respondeu abrindo um sorriso mal-intencionado para mim, e perguntando em seguida:
- Desde quando a maternidade bateu a sua porta!?
- Agora! Não está vendo!?
- Marcela, precisamos conversar!
- Victor, agora não, está bem!? Tenho estado muito ocupada com este pequeno aqui! – De algum modo, não consegui contradizer meu sobrinho, com meu costumeiro cinismo, quando alguém mente na minha frente. Talvez, porque eu não quisesse magoar o pequeno. Mas desde quando eu me preocupava tanto com alguém!?
- Marcela! Por favor! Eu tenho uma ação para você! Como posso encontrar você, já que tem um mês que você não vai ao escritório!
- É que eu... estou de licença-maternidade, não está vendo? Apareça lá amanhã a tarde, que eu verei o que posso fazer por você. – Lumã não parava de apertar minha mão. Então, como um traidor, resolveu soltar minha mão e puxou a de Victor. Ele se abaixou e disse:
- O que você quer!?
- É que você é muito alto! Pode me segurar para eu ver se encontro a prateleira de biscoitos recheados?
- Claro! – E assim, quando Victor o colocou em cima dos ombros sentado, eu percebi que mais um homem se intrometeria no meu dia-a-dia...”

Continua...