segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Uma mulher de fibra, uma vida como tantas outras...


Ailesig Barret



Mulher branca, por volta dos cinqüenta anos, olhos verdes, cabelos curtos e negros. Estatura baixa, levemente acima do peso. Sempre sorridente.



“Seus olhos estão sempre tristes e cansados, mesmo quando gargalha indiscretamente como sempre faz, percebe-se a mágoa estampada em seu semblante. Uma decepção ácida, cheia de amargura. Talvez suas escolhas quando jovem não tenham sido as mais fabulosas. Talvez culpe o mundo, talvez a si própria. Provavelmente, um pouco dos dois. Muitas vezes isso se torna raiva, seus olhos faíscam, ficam irreverentes e mais vibrantes. Essa faceta não agrada a todas as pessoas, mas ao menos, lhe traz um brilho de paixão e de vida nos olhos. Nesses momentos costuma brigar com todos que a cercam, todavia, o maior confronto é o que trava consigo mesma. Irritada com o destino que abraçou e com as estradas que se apresentaram neste.”


Suas reações costumam ser inesperadas, e essa inconstância, muitas vezes traz dor.


No fundo, todos podemos nos tornar adultos infelizes, mas sempre haverá tempo e escolhas que podem transformar quem você é e a vida que leva.



Esyath Barret

domingo, fevereiro 11, 2007

LIBERDADE

A liberdade não é apenas ser espontânea e sincera, é saber aproveitar todo o tempo que nos é dado, voando dentro de seu próprio eu por todos os lugares desconhecidos que povoam nossas mentes e corações.

CARTA PERDIDA NA FLORESTA – ACHADA EM MIM MESMA


Choveu muito esta noite. Maman deve estar muito preocupada com o meu desaparecimento. No fundo, creio que está mesmo é furiosa! Mas não me importo. Eu precisava sair e respirar a liberdade.
Engraçado, eu nunca achei que isso fosse possível, simplesmente porque sempre me considerei prisioneira de meu próprio eu. Mas depois de passar dez dias longe de casa, conhecendo a floresta e seus animais, percebi que eu mesma construí o meu claustro. Na realidade, o que determina minhas fronteiras, não são apenas os meus problemas, a minha família ou os meus estudos, mas sim, minhas próprias escolhas. Não meramente o que eu decido fazer, mas também aquilo em que eu me proponho a acreditar!
E claro que tudo tem um preço a ser pago. Por exemplo, não foi fácil escapar dos empregados da casa sem rasgar as minhas roupas. Mas também se eu houvesse sido capaz de adivinhar que agora estaria em farrapos, não teria me preocupado tanto com esse detalhe.
Há dez dias eu estava trancada no meu quarto, suspirando com a liberdade dos animais aqui fora, quando resolvi escapar de duas prisões: meu quarto e meus medos.
Tirei aquele quadro tão importante para mim, da parede, embrulhei, escondi de minhas vistas e risquei a parede. A criada quando entrou no quarto, pensou que eu havia morrido, creio eu, pois a parede estava um espetáculo e minhas mãos com tintas vermelhas, enquanto eu descansava deitada na cama. Eu a fiz pensar, depois vim a descobrir, que era sangue.
Com seu grito ensandecido, maman invadiu os aposentos e começou a bradar comigo por minha traquinagem, tentando acalmar ao mesmo tempo a pobre mulher. Uma tarefa quase impossível, pois como se acalma outra pessoa quando não se para de praguejar?
Aproveitando-me da confusão, escapei do quarto e passando por uma parede falsa que há embaixo da escadaria dos serviçais, fui parar fora do castelo. Daí adiante, foi simples alcançar a floresta. Estava tão quente, que ao longo do caminho, eu fui me livrando de muitas peças de roupa...
O preço que paguei? Ah, meu amigo, começou a chover hoje, eu me perdi, caí na lama e estou morta de frio! Encontrei uma cabana desabitada, suja, mas surpreendentemente cheia de papéis e tinteiros. Talvez aqui tenha morado algum escritor... Quem sabe algum ancestral meu, o qual se refugiou aqui para não ouvir os brados de sua mãe?
Sei que terei de voltar, mas isso terá um preço que ainda não estou disposta a começar a pagar...

Com Afeto.

Esyath Barret