domingo, abril 27, 2008

MAMÃE: QUERO SAIR

"O nascimento não demora nove meses,
mas sim a vida toda".
(Esyath Barret)

"Como está apertado aqui dentro! Não agüento mais. Espero que mamãe me dê mais espaço. O pior é quando ela tenta me esmagar, quando papai fica em cima dela. Aliás, o que ele tanto faz em cima dela? O pior é que aqui dentro eu não consigo enxergar nada. Mas tudo bem. Melhor assim, pois pelo menos não fico muito quente, já que estou com toda essa agüinha aqui dentro. Chato mesmo é quando ela se esquece de comer chocolate. Se chocolate alegra, eu serei uma pessoa mais sorridente, oras, mas a mãe de mamãe fica com essa mania de obrigá-la a comer verduras e não sei mais o quê. E por quê todo mundo se impressiona comigo quando eu chuto a barriga de mamãe, para pedir que ela deixe de gritar ou que pare de comer verdura? Tudo bem, ninguém me escuta gritar. Mas eu posso chutar a vontade pra dar meu bendito recado. Quero sair! Quero sair! Queroooooo sairrrrrrrrrrrr! (A mãe põe a mão na barriga, sente os chutes fortes do neném e responde: - Logo querido, logo, logo). "

The End.

Em homenagem a Adriana, que está grávida, escrevi esse micro-conto. Espero conseguir atualizar as visitas a todos vocês. E todos os comentários daqui em diante, serão respondidos.

quinta-feira, abril 24, 2008

AMOR - INVENÇÃO OU FATO?

"Seria a invenção do amor
uma mentira humana para justificar
meu desejo por ti?"
"Seria a invenção do amor
uma explicação para o inexplicável?"
"Seria o amor,
apenas amor?"
(Esyath Barret)

Amigos, estou um pouco sem tempo, mas está tudo se normalizando. Espero poder responder a todos os comentários desse post, pois a opinião de todos é muito importante para meu amadurecimento literário e como pessoa humana também. As visitas serão colocadas em dia...

DUELO

A guerra tem:
protagonistas e antagonistas.
A vontade de amar
e a necessidade de ser amado.
Nossa luta tem mais:
eu e você.

(Esyath Barret)

segunda-feira, abril 14, 2008

A CÓLERA QUE FICOU - FINAL.

"Quem és tu?
O reflexo do que queres ver?
Ou o reflexo daquilo que não vês?"
(Esyath Barret)
cólera
A Adriana, irmã do meu ranzinza predileto, o David, propôs um desafio literário coletivo, onde cada um deveria escrever uma parte do conto, que foi dividido assim: A Adriana iniciou a história, em seguida o David furando a fila, continuou a narrativa, o Marcos escreveu a terceira parte e eu trouxe um fim romântico à história. – risos – Quem quiser se divertir acompanhando a pequenina saga poderá seguir a ordem acima indicada, clicando no nome dos meus parceiros e lendo o The End aqui embaixo.
Só pra constar: todos os comentários dos contos da Boneca Inflável foram respondidos, bem como, os do post anterior, sobre o encontro casual em um bar, que acabou na cama, ou melhor, em um ônibus. – risos.
cólera
"O que havia sido mais ridículo? Se embebedar por conta daquela mulher ingrata e da nova vida de desempregado ou ter sido encontrado dentro de um banheiro público dormindo, todo amarrotado, por um vendedor ambulante de jornal? Pelo menos tinha chegado em casa, sem ninguém mais testemunhar seu estado miserável, então se afundou na cama até aquela hora. Mas pra ser honesto, seu desemprego não o tinha levado a beber. Mas, sim, aquela merda de nostalgia que vinha sentindo.
Havia sido difícil! Se fosse honesto consigo mesmo, havia sido terrível se dar conta de que tudo aquilo com que não se importava antes, agora lhe fazia uma falta infeliz. Mesmo as duas garrafas de whiskey que esvaziara no dia anterior, e que agora lhe custava uma dor de cabeça de estourar os miolos, não o haviam convencido de que não precisava de sua família.
Família é uma palavra que agora lhe dava vontade de chorar e que antes não significava quase nada. Mas é que ver aquela menina chorando o tempo todo era bem irritante, e pra piorar, a sua mulher, na verdade, uma bela ex, não lhe dava mais atenção... Mas também era bom quando a pequena vinha correndo na sua direção para perguntar algo ou para mostrar um desenho que tinha feito, como se ele fosse um herói.
“É foda!” Ele pensou. Não podia mais negar, ele as amava. E pra piorar ela estava grávida de novo! Por que logo agora que estava esperando outra criança ela tinha ido embora? Por que as mulheres não entendem que o lugar delas é em casa, principalmente quando estão grávidas? Ela precisava voltar pra casa por conta das crianças. Essa seria a única razão! A campainha tocou e ele irritado e xingando até a mãe do vizinho, foi a abrir a droga da porta:
- Quem é?
- Sou eu Eduardo.
O que ela podia querer dele aparecendo na casa que agora era só dele àquela hora? Era muito cedo! Se bem que quando olhou no relógio de pulso, já passava das duas da tarde. Mas agora que ele era um desempregado, largado pela esposa magoada, ele podia ficar em casa dormindo, sempre que quisesse, oras. A campainha tocou novamente e ela perguntou se ele não abriria. De má-vontade, cedeu ao impulso quase infantil de deixá-la do lado de fora, mas resolveu abrir a porta.
Fernanda quando o viu, não escondeu o espanto de vê-lo tão mal. Era bem provável que sua cara amarrotada o estivesse denunciando. Sem muito interesse ela perguntou como ele estava.
- Pergunta idiota, Fernanda! Não vê como estou ótimo!?
- Eu vim aqui buscar umas roupas pra Duda.
Fernanda entrou na casa e ele percebeu que ela parecia chocada com a zona que via, pegou as roupas da pequena e, quando ia saindo, ele ainda estava na porta, em pé, com aquela cara de bêbado imprestável.
- Com licença!
- A porta da rua é a serventia da casa! – ele resmungou, fazendo uma mesura irônica pra ela passar.
Enquanto a ex-esposa passou por ele, foi agarrada pelo braço e puxada pra dentro da casa. Ele fechou a porta com um chute e a prendeu na porta, prensando-a com o próprio corpo. Então disse:
- Fernanda, por favor.
- O quê?
- Não vá, não me deixe.
- Por quê?
- Porque lugar de mulher grávida é em casa.
- Como você descobriu?
- Do mesmo modo que você descobriu sobre Soraia. Vasculhando.
- Eu não vasculhei suas coisas.
- Eu também não te vasculhei. Na verdade achei no chão o resultado do exame, no mesmo dia em que você me abandonou.
- Não vou ficar porque temos filhos juntos Eduardo. Mesmo separados, continuaremos sendo os pais deles.
- Então fique por mim! – Como era difícil implorar! Mas ele não agüentava mais chegar em casa e não vê-la, mesmo que reclamando!
- Por quê?
- Porque eu levei aquela vagabunda da Soraia pra cama, pois você não me dava atenção. Isso nunca mais se repetirá. Eu sei que não foi certo. Mas eu te amo, Nanda. Por favor!
- Que demora...
- Como assim?
- Pensei que você nunca mais fosse repetir que me amava. Eu também te amo, Edu. Mas a cada dia você se afastava mais de mim, não queria entender que eu e a Duda precisávamos de você. Eu fico se você me prometer não nos abandonar mais, não nos dar as costas novamente.
- Eu prometo, Nanda. Eu prometo!E assim, ele agarrou a mulher e mesmo grávida, a levou pra cama. Como tinha sido difícil ficar longe dela, muito mais do que ter coragem de assumir que realmente sentia falta dela e da pequena filha. Sua família."
The End.

quinta-feira, abril 10, 2008

ACASO MAL-INTENCIONADO

"Se assumir seus instintos é pecado,
eu exijo ser profana. Pois não há nada
pior que negar a si mesmo."
(Esyath Barret)
"- O que você quer?
- Como assim?
- É que eu vi que você estava sorrindo para mim.
- Não sei do que você está falando.
- É claro que você sabe! Você estava sorrindo para mim!
- Eu não estava!
- Estava!
- Não estava!
- Estava!
- Não estava!
- Não estava!
- Eu estava!!!
- Afinal, estava, ou não estava!?
- Você está me confundindo! Eu não estava!
- Claro que estava! Adorei seu sorriso cínico!
- Meu sorriso não é cínico!
- É sim!
- Não é! Veja! – Então, a bela ruiva de cabelos cacheados sorri abertamente para ele.
- Eu não disse que você estava sorrindo para mim!? – Ele afirma.
- Agora eu estava! Naquela hora eu não estava! Essa conversa intragável, afinal, vai levar a noite toda!? – Indaga Carol, com raiva, já impaciente e ansiosa para ficar só.
- Essa conversa intragável deve terminar no meu apartamento! – Responde Yan, um loiro cheio de álcool na cabeça, e cheio de más-intenções.
- Eu não vou a lugar algum meu chapa! Muito menos com um estranho!
- Se sou seu chapa, não sou estranho, madame!
- Como posso me livrar de você?
- Vamos ao meu apartamento.
- Onde fica seu apartamento?
- No primeiro andar! – Ele responde.
- Mentira! Lá quem mora é o dono desse bar!
- É com ele que você conversa moça!
- Ó Deus! Mentira! Ele é meu amigo! Eu sei que não é você!
- Eu bem que sabia que já tinha visto você em algum lugar... Você é a minha amiga?
- Eu agora posso ser sua amiga, se você me pagar uma bebida!
- Só se for agora... – Então, Yan grita pro barman: - Fred, coloca uma dose de vodka tônica pra moça aqui!
Quando o rapaz coloca a generosa dose na frente do suspeito casal, ela agradece e diz:
- Se você é o novo dono do bar e me paga bebidas, sou sua amiga então!
- Eu não quero uma amiga interesseira!
- Melhor assim! Se eu fosse sua amiga, não poderia subir ao seu apartamento...
- Por quê?
- Por princípios!
- E o que você pretende fazer no meu apartamento? – Ele pergunta quase num sussurro, junto ao ouvido de Carol, enquanto apóia a mão dele na perna dela.
- Isso eu só posso contar... lá!
Vinte minutos depois...
- Era isso que você queria, Carol!?
- Claro!
- Eu te trouxe aqui, simplesmente pra você me mostrar uma tatuagem?
- Não é uma tatuagem! É “a tatuagem”! Pior é você... que me disse que morava no andar acima do bar...
- Mentira! Eu disse que ficava no primeiro andar!
- Mas eu não imaginei que fosse no primeiro andar de ônibus, Yan!!!!
- Bem... digamos... que talvez não tenhamos sido muito honestos, não é!?
- É verdade...
- Vamos recomeçar?
- Abandonemos os jogos de palavras... você me pagou a bebida! Eu aceitei! Agora você vai me dar uma carona até em casa no seu ônibus... e eu... vou te levar a lua...
- Assim!? Como quem não quer nada!?
- Eu quero muita coisa, Yan!
- O que você quer?
- Que você cale a boca!
- Por quê?
- Por que as vezes... em noites quentes de terça-feira... o melhor... é você simplesmente agir, ao invés de falar.
- E amanhã, Carol?
- Amanhã é outro dia, Yan. Amanhã é amanhã! Por quê deixar de ser feliz hoje... e perder tempo pensando no amanhã?
- Mas, Carol...
Yan, naquela noite já não tinha más intenções, mas a ruiva antes toda irritada, se transformou em um poço de pecados, e só pensava que uma vez perdida, ou casualmente, não fazia mal nenhum saciar seus apetites e instintos... afinal... o bom mesmo é sermos felizes ao nosso modo.
"

The End.

O Marcos, lançou um bom desafio a mim, a si mesmo e ao David para escrevermos contos sob o mesmo tema, já que eu sou uma boa aspirante a escritora, e o David precisa testar os limites dele! Com dificuldade consegui escrever! - risos - Cada um escreveu ao seu modo... por isso... vamos lá conferir!?
Obs.: todos os comentários do post anterior foram respondidos, assim comos os deste estão sendo.

quinta-feira, abril 03, 2008

TERAPEUTA APAIXONADO

"Sentimentos não podem ser medidos,
assim como a lucidez humana
não o pode."
(Esyath Barret)

- Darlene minha querida, não chore. Eu sei como é difícil ignorar esses intrometidos, mas não se sinta ofendida, não passam de solitários desesperados por um pouco de atenção!
- O quê querida?
- Você está amuada, não é? Por isso não quer conversar... Eu sei como é, mas, princesa, quando estivermos a sós... eu farei você voltar a falar novamente...
Quem fala isso é Pedro, um terapeuta matrimonial que encontrou a mulher de sua vida em uma viagem a São Paulo, a cidade que não dorme, justamente aquela onde ninguém se importa com a vida de ninguém... Assim que desceu no aeroporto sentiu-se perdido naquele caos, era um empurra-empurra, todos querendo passar ao mesmo tempo, e sendo ele um homem baixinho dentro de seus míseros 1,68m de altura, viu-se sufocado pela multidão, até que uma velha alta e gorda deu uma cotovelada nele fazendo-o cair no chão e sentir-se humilhado. Quando ele ia começar a xingar a estúpida, percebeu que tinha batido com a cabeça em um vidro. Uma vitrine na verdade. E então, ele a viu. A mulher dos seus sonhos estava lá, prontinha, sorrindo para ele e fitando-o através da vitrine da loja que ficava dentro do aeroporto. Rapidamente o mineiro levantou-se carregando sua mala e entrou na loja. Perguntou à vendedora o que podia fazer para conquistar a mulher da vitrine, ao passo que a vendedora respondeu cinicamente:
- É simples senhor. Basta o senhor pagar!
- Mas é imoral você comprar amor, moça!
- Senhor isso aqui é São Paulo! Quer ou não? Já tem outro cliente de olho...
Isso convenceu Pedro a se desapegar dos seus valores morais e responder:
- Está bem! Está bem! Vocês aceitam American Express?
- Claro, senhor! Aliás, o manual de instrução dela é em inglês... Mas nós fizemos uma tradução em português que custa apenas R$20,00, se o senhor quiser adquirir.
- Aonde nós chegamos!? Vocês agora vendem manuais para que saibamos como lidar com uma mulher?
- Bem Senhor, o senhor quer ou não?
- Afinal o que tem de tão importante nesse manual, moça?
A atendente o olhou discretamente e sussurrou:
- Explica como o senhor pode fazer a boneca falar, na hora “h” Senhor!
- Ah! Então eu quero...
Depois disso, Pedro, o terapeuta matrimonial nunca mais foi o mesmo homem. Estava sempre com Darlene, a mulher dos seus sonhos ao seu lado. A única que o compreendia, não brigava, era discreta, e lhe dava muito prazer. Mas o melhor na relação deles é que jamais ele desejou se casar novamente, pois isso terminaria implicando em mais filhos, ex-mulher e pensões... Algo que Darlene jamais lhe imporia. Por isso, quando houve a excursão de férias dos seus antigos colegas de faculdade, Pedro fez questão de levar Sua Darlene.
Ele detestava essas comemorações, pois todos sempre se gabavam das mulheres maravilhosas que levavam para cama, mas desta vez seria diferente, pois ele não apenas teria a mulher ideal, como poderia levá-la sem quebrar a regra que determinava que era uma excursão masculina, sua mulher iria em uma das malas, sem fazer barulhos. Na hora certa a apresentaria a todos, causando inveja.
O dia esperado finalmente chegou, Pedrinho, como era conhecido pelos colegas, chegou todo sorridente ao iate que se dirigiria do Porto de Santos até Fernando de Noronha. Assim que zarparam, ele apresentou sua mulher aos amigos e todos começaram a zombar dele. Um indagou:
- Que desespero é esse Pedrinho?
Outro cutucou o colega mais próximo e cochichou:
- Cara, o Pedro endoidou de vez. Meu irmão, como é que esse sujeito tem coragem de expor as taras dele a todos nós?
E o terceiro respondeu:
- Eu sempre soube que isso acabaria acontecendo. É nisso que dá, passar o dia todo tentando resolver problema de casais... coitado... não sabe mais o que é mulher...
E assim foi a viagem toda, mas ele não ligava, pois estava ocupado demais tentando entreter sua acompanhante para que não se importasse com os comentários, até que ele disse seriamente a todos, já irritado com as insinuações:
- Meus velhos, vocês não entendem que o importante é amar? Cada um ama a seu modo! O amor salva a todos! O meu por esta criatura aqui, é...
Antes que concluísse a frase, Pedro escutou os gritos de desespero quando a embarcação começou a afundar em alto-mar. Não houve tempo para averiguar a causa do infortúnio, pois todos corriam de um lado pro outro tentando encontrar coletes salva-vidas ou botes... Mas não havia, pois a empresa de navegação, a pedido dos excursionistas, não incluiu o material obrigatório de segurança para passeios ou viagens marítimas, uma vez que isso não permitiria que todos viajassem, já que a embarcação era pequena. Mas Pedro só se importava em salvar Darlene. Antes que o iate afundasse de vez, ele pulou no mar com sua alma gêmea. Viu muitos dos seus colegas afogarem-se. Mas ele estava seguro, Darlene flutuava, protegendo-o com o próprio corpo. Depois de uns dois dias em alto-mar, Pedro já não sabia quem era, onde estava... só pensava na sede, na fome... e no quanto sua Darlene era boa e o tinha protegido. Ele foi encontrado por um grupo de buscas da Marinha, e foi dado como o único sobrevivente do acidente. Mas o principal não foi isso... é que ele foi o único da sua época de faculdade a poder contar que havia encontrado sua alma gêmea. E assim, Pedro continuou sua vida ao lado da paulistana... Darlene.

The End