sexta-feira, dezembro 31, 2010

UM NATAL FORÇADO! - PARTE I

"Era Natal, todos estavam reunidos, e o que se poderia dizer daquilo? Dois Anos! Dois malditos anos haviam se passado desde que ela teve o desprazer de cruzar com ele novamente em algum lugar, que na verdade havia sido nos tribunais, quando se divorciaram e deliciaram jornais e fofoqueiros de plantão com a disputa mercenária e explosiva pelo patrimônio “do casal”.

Debora Ex-Mcallen, agora apenas, Gouveia como sua mãe, havia retornado ao Brasil na semana anterior para a festa de Natal promovida em Recife, Pernambuco, mais especificamente no Bairro de Boa Vista, no apartamento de sua avó. O que a trouxe novamente a este “fim de mundo” onde tanto havia sofrido quando descobriu a traição de Andy Mcallen, seu ex-marido crápula?

Sua querida avó, Gigi Gouveia que estava muito doente, com câncer, diziam que muito provavelmente este seria seu último Natal, razão pela qual Debbie, como era conhecida entre os amigos, pediu uma licença na Vogue onde trabalhava como colunista desde a separação, para vir vê-la. E o que danado aquela criatura maldita fazia na ceia de sua família? Sua família e não dele!

- Ele patrocinou o tratamento de sua avó Debbie! Pare de encará-lo como se fosse fuzilá-lo!

Percebendo que seu olhar era qualquer coisa, menos discreto, a ruiva temperamental olhou para a taça de champagne distraidamente e perguntou à sua mãe:

- Mas por que mamãe?

Cristiane Gouveia, uma bela mulher no auge de seus cinqüenta anos, vestindo um longo verde o qual destacava seus olhos grandes que eram da mesma cor de sua roupa, olhando para o lado furtivamente como se também não estivesse encarando seu ex-genro, ostentando cabelos curtos legitimamente ruivos, era como o reflexo de sua filha, sendo mais madura, disse:

- Porque estou falida, e o que ganho dá apenas para me manter e custear os estudos dos seus irmãos. E querendo ou não, ele sabe que sua avó foi fundadora da empresa que ele comprou. Eu acho que não julgou justo que uma pessoa que já foi rica como sua avó não tivesse dinheiro para sequer custear o próprio tratamento.

Espantada a jovem retrucou:

- Mas mamãe não é possível que a senhora esteja falida! E muito menos a vóvó!

- O que você acha? Sua mãe sempre foi uma perdulária Débora, e além do mais, meus remédios eram muito caros! E tinha ainda o dinheiro gasto com uma enfermeira que me fazia companhia dia e noite, já que sabemos que sua mãe não é uma pessoa... digamos... que cuidadosa o suficiente para cuidar de uma velha como eu!

Apenas quando sua avó disse isso, foi que Débora, que a via pela primeira vez em anos, percebeu, que havia falado alto demais, e que, sua avó não parecia nem um pouco com alguém prestes a morrer.

Dando um abraço na boa senhora de quem tinha muita saudade, a ruiva irritada disse:

- A senhora parece tão bem vóvó!

- Obrigada minha filha! Mas pensei que morreria sem vê-la novamente!

A partir daí o jantar correu ladeira abaixo, Mcallen não parava de lhe olhar como se fosse lhe dar um tiro a qualquer momento, sua mãe desnaturada não parava de relembrar fatos que mencionavam a época em que todos formavam uma grande família feliz. Seu irmão, entretido demais na conversa que tinha com um de seus primos, sequer lhe dirigiu um olhar de compaixão, e Daniela, a caçula, era pequena demais para entender que estava no meio de um fogo cruzado, razão pela qual não parava de perguntar a Mcallen se poderia lhe levar novamente no Rick Center, um parque enorme que havia na cidade.

Como assim de novo? Quer dizer que o infeliz participava do cotidiano dos Gouveia como se fosse da família? Que parte da “traição-com-uma-vadia-que-costumava-apresentar-como-uma-boa-funcionária-de-anos” eles haviam esquecido?"

Continua...

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Este é o último post deste ano e gostaria de dizer a todos vocês que agradeço imensamente sempre me visitarem e me apoiarem a voltar a escrever, que é a minha grande paixão.
Passei meses sem uma idéia pelo menos apresentável e por isso me privei do privilégio que é dividir minhas idéias com vocês aqui, pois acho que a criatividade nem sempre me acompanha como tanto gostaria, ainda mais quando tenho alguns problemas de percurso, como a prova da oab para a qual tive que estudar dentre outros problemas pessoais, que todos sempre temos e pelos quais passei.
Mas no balanço geral este foi sim um bom ano, conheci pessoas maravilhosas como vocês que aguentam vir aqui ler minhas bobagens com tanta paciência, descobri por qual caminho quero seguir no meio jurídico, entendi que escrever não é apenas uma habilidade com a qual nasci, mas é uma paixão que brota dos meus lábios e dedos sempre e que isso jamais me transformará em alguém acomodada ou alienada, pois me ajuda a pensar.
E apesar do que outros possam pensar, este foi sim um bom ano, amadureci em muitos aspectos e desejo a todos vocês, meus queridos blogueiros e leitores (des)conexos que possam chegar em 2011 com muitos sonhos que serão realizados, para que em 2012 possamos lembrar que 2011 foi um dos melhores anos de nossas vidas!
Lembrem-se que remoer o passado é um exercício de futilidade pois não muda nada, mas o futuro será sempre um reflexo de nossos atos presentes. Lutem e não desistam de se tornarem quem querem ser jamais!

Obs.: Estou respondendo aos comentários diretamente na caixa do Blogger.

Com muito Amor por vocês e por tudo que sempre aprendo.


Beijos (Des)conexos!

Esyath Barret