ALGUÉM

“Todos os dias o ser humano tenta encontrar um caminho adequado para si.
Todos os dias, perece, descobrindo que não há uma resposta exata para a equação da vida.”
(Esyath Barret)
"Ela costumava ser uma boa garota. Sabe este tipo de gente que sorri faceiramente e transparece apenas bom humor e leveza? Ela era assim, mas até mesmo estas pessoas, por trás de expressões alegres, olhares expressivos, sarcasmo afiado e cabelos ondulados, possuem segredos e problemas.
Certa feita, um amigo lhe disse, quando ela comentou que havia batido o carro porque estava dirigindo com raiva, enquanto discutia e se estressava ao telefone:
- E você tem problemas Marcy? Você não parece ser o tipo de garota que se estressa! Escutei sua voz alegre agora há pouco e já sabia que era você! Você parece ser sempre tão calma e feliz!
Sorrindo de uma maneira leve, ela alargou ainda mais o já grande sorriso, passou a mão nos cabelos negros com a mão esquerda e disse:
- Claro que sim Kenley! Todo mundo tem problemas!
Marcy disse algo que é extremamente verdadeiro... Todos têm problemas, a diferença é que algumas pessoas preferem se expor ao mundo, ostentando ares agressivos ou sofridos. Outros fingem que está tudo bem... Mas Marcy, era uma dessas pessoas... que simplesmente flutuam de um sentimento para o outro com uma franqueza e uma instabilidade estarrecedoras.
Sim, ela tinha problemas, mas chorava ou gritava quando estava sufocada e continha o próprio temperamento quando se fazia necessário. E no resto tempo... agia como era: vivia o momento. Os problemas a acompanhavam, mas ficavam enterrados enquanto interesses momentâneos tomavam sua atenção a cada instante. Algumas pessoas a julgavam como sendo alguém superficial, outras, como seu amigo, simplesmente supunham que ela era a pessoa mais tranqüila do universo...
Mas a verdade é que as aparências enganam. Nunca devemos julgar um livro apenas pela capa, embora, a primeira impressão faça sempre um grande diferencial na opinião que se tem sobre a qualidade da história... E acima de tudo... Só quem conhece de verdade seus dramas e suas dores... é quem os vive. Ninguém mais. Quando se compartilha algo com alguém... Ainda assim... A experiência de se saber este algo... Não é a mesma de se vivê-lo...
Marcy no dia em escutou isso do seu amigo... Coincidência ou não... Passou por maus bocados... Decepcionou-se, foi agredida moralmente, chorou, sentiu raiva... De algumas pessoas, da situação que estava vivenciando e principalmente: de si mesma.
O pior julgamento... no fundo... É aquele perpetrado conscientemente por você mesmo. Quando você reconhece que errou, se envergonha e se trata brutalmente... Nada que os estranhos façam... Pode se comparar!
O maior algoz de Marcy... era ela mesma. Fez escolhas equivocadas, supôs que sabia o que estava fazendo com a própria vida... E principalmente, se cobrava e envergonhava pela própria conduta... sem que nada ou ninguém lhe impusesse aquilo.
O que poderia uma menina tão nova, com olhos tão grandes e falantes, cheios de um mistério humano que só o castanho-claro, cor de mel e de terra pode ter... teria feito? Suas grossas sobrancelhas negras se arqueavam, dobravam, subiam e desciam, na mesma proporção que seus lábios cheios se abriam para sorrir, gracejar, chorar, encantar, ofender e gritar... Seus dedos finos gesticulavam suas dores e demonstravam uma agitação interna quando ficava agitando as mãos no ar, que só alguém realmente jovem e intensamente consciente das próprias escolhas... consegue nutrir.
A resposta no fundo... pode ser extensa e flexível... Mas o que aquela garota, sentada em uma cafeteria, tarde da noite sozinha sabia... É que havia confiado tudo à pessoa errada: a si mesma. Queria modificar muitas coisas... Achava que sabia o que sentiam e pensavam a seu respeito... Queria corrigir os próprios equívocos e dar um novo rumo a sua vida... Mas enquanto colocava sua mão sobre o queixo, cobrindo parte da boca, concluiu o que qualquer ser humano mediano concluiria: que precisaria de muita persistência... e ainda assim... poderia novamente errar... Porque afinal... Errar é humano. Mesmo quando tantas e tantas vezes se tenta acertar."
The End.
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Caros blogueiros... Esta é uma história (des)conexa que podia acontecer com qualquer um de nós... É apenas uma reflexão que a protagonista faz sobre a própria vida, e que muitas vezes, nós também fazemos sobre as nossas... Sobre como vamos errando ao longo da vida, sem percebermos muitas vezes, e sobre como as pessoas fazem julgamentos equivocados sobre nós... Finalmente um texto que eu gostei ao menos um pouquinho... - risos.
Estarei atualizando visitas e comentários. E quem comentou no post anterior, saiba que respondi aos comentários, tá? Assim como farei neste post...
Beijos (Des)conexos!
Esyath Barret