quinta-feira, maio 19, 2011

UM NATAL FORÇADO! - PARTE III - FINAL

"O coração possui espírito e vontade própria.
Se retrai e deixa de amar mesmo quando não esperamos.
Infla e ama... muitas vezes quando menos quer."
(Esyath Barret)

Como nós sabemos, os dois posts que antecederam a homenagem feita ao Japão, tratam do estranho natal da família Gouveia... Cap. I – Débora e Cap. II – Andy. Andy Mcallen é um escocês que imigrou para o Brasil com o objetivo de construir uma vida nova. No caminho para esta nova vida envolveu-se com Débora Gouveia e sua família. Seu relacionamento com a ex foi turbulento, tendo o casamento e o divórcio durado o tempo necessário para se dizer “aceito”... E ao que parece o amor e o ódio realmente andam de mãos dadas...

“- Não desconte sua raiva nisso!

Olhando aqueles olhos negros como a noite, naquele rosto de traços delicados e morenos, que nem pareciam de um verdadeiro escocês, porém de uma virilidade quase selvagem, a ruiva irritada disse asperamente:

- Não toque em mim!

- Por quê? Tenho lepra por acaso!?

Abrindo um sorriso maledicente, a ruiva, dona de olhos grandes e sagazes respondeu:

- Porque você é um porco maldito!

Incrédulo com o que acabara de ouvir, ele mentalmente uma vez mais indagou-se como fora capaz de casar-se com alguém da língua tão vulgar. E antes de dar-lhe uma merecida resposta, percebeu que seu pulso alvo e delicado trazia uma tatuagem... Só que se tinha uma coisa que sua bela ex-mulher detestava mais do que comer peixes, certamente tratava-se de tatuagens. Como havia tido coragem de se marcar daquele jeito escrevendo “It will never be forever!”?

- O que nunca será para sempre Débora?

Tensa, por alguns segundos ficou sem compreender a que ele se referia. Então deu-se conta de que ele estava com os olhos fixos em sua tatuagem. Puxou o braço com força, como se de repente quisesse escondê-lo. Não lhe devia satisfações. Mas não conseguiu se conter e disse praticamente sussurrando:

- Tudo! Sabe como é... A paixão, a ilusão, o amor... A dor!

Então ele entendeu que no fundo sua ex-mulher havia ficado tão ferida quanto ele com o rompimento. Do contrário porque teria coragem de se flagelar daquele modo quando odiava marcas que seriam eternas, como ela mesma sempre dizia quando se referia a tatuagens? E sabia que não era impressão sua... O olhar dela repentinamente havia mesmo abandonado a ira e se entregue à tristeza. Bancando o desentendido, disse:

- Sua avó não está mais morrendo! Não tem realmente porque sentir dor... O câncer está em remissão!

Sentindo-se tola e vulnerável Débora antes de atirar com vigor o abajour nos pés dele, falou com ardor:

- Mas o ódio será eterno! Acredite em mim!

Sem mais nem menos, Andy segurou seus ombros estreitos e puxou-a com força na própria direção, esmagando sua boca com um beijo intenso e inesperado. Sentirem a textura da boca, da pele e do calor um do outro... foi como se os anos não tivessem passado. A dor foi lavada, os desentendimentos e as frustrações exterminados. Tudo o que importava era sentirem-se unidos, como se o conforto de saber que finalmente estavam em casa os emoldurassem naquele instante.

E quando o encanto se quebrou com o afastamento dos dois para respirarem, ambos perceberam que necessitavam de uma nova chance. Mas como dizer a alguém que você tanto magoou que ainda a ama? Que precisa dela? Que ficar afastado dela te deixa desorientado e incompleto? Como esquecer a frustração que sentiu pela falta de compressão e pelo egoísmo do outro? Se entregar novamente a alguém reconstrói a confiança? Respostas são sempre encontradas quando estão diante das perguntas certas. Mas algumas só ficam claras quando se esquece a covardia e se dá uma chance à felicidade. Por isso, mesmo irritados e magoados, ambos superaram o temor da exposição ao ridículo e ao medo, e em uníssono sussurraram o que há muitos natais deveria ter sido dito:

- Me perdoe!

E assim, foram saudados pela boa Gigi Gouveia, que escondida atrás da porta da biblioteca a tudo testemunhava com um largo sorriso estampado no rosto, feliz da vida por finalmente após tanto esforço ter conseguido reunir em um mesmo ambiente aqueles que, em sua opinião, de alguém que já viveu o suficiente para saber quando o amor verdadeiro ainda existe, formavam o casal que mais se completava no mundo.

Andy e Débora tinham muitas contas para acertar, muito que conversar, mas o que não precisava ser dito era o que mais se sobressaía entre os dois, a conexão que tinham. Mesmo entre brigas, decepções, distância geográfica e temporal ainda se importavam um com o outro. Quando isso acontece é porque a história ainda não encontrou um fim... E mesmo que este fim não seja eterno, sempre vale a pena ser vivido."

The End.

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Quero deixar claro que este hiato sem posts se deu porque andei sem inspiração. Nem sei bem porque em determinados momentos me sinto... tão despreparada para escrever. Mas quando amamos algo devemos lutar até o fim por isso. Francamente espero conseguir desenvolver melhor minha habilidade com as letras e conto com o apoio de vocês nas opiniões e no apoio que sempre deixam quando comentam. Uma vez mais esclareço que ainda continuo com o Histórias (Des)conexas a participar dos Blog´s de Quinta. A lista de Blog´s se encontra aqui! Informo ainda que estou muito feliz em ter sido selecionada para participar do livro II da Coletânea Corpo e Alma em Verso e Prosa, mais um modo fantástico de eternizar minhas letras, dessa vez ao lado dos amigos blogueiros. Em breve poderemos nos ver nas prateleiras...

Beijos e Saudades (Des)conexas!